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domingo, 3 de março de 2013




No vídeo acima, vemos um professor japonês que apresentou o documentário Brown eyes and blue eyes para suas turmas de alunos (equivalente ao ensino médio no Brasil). Na discussão que se seguiu, ele perguntou aos alunos se eles achavam que existe racismo e discriminação no Japão. Fiquei chocada como a esmagadora maioria dos alunos disse acreditar que não existe racismo ou discriminação no Japão.

Eu vi e vivi esse problema de perto e não consigo entender como eles não conseguem perceber isso. Até entendo o lado do Medama Sensei que acha que os alunos apenas estudam sobre Martin Luther King e o Movimento pelos Direitos Civis Americano e nada sobre o assunto no Japão e que talvez por isso acabem entendendo que isso é um problema basicamente americano.

Eu sempre vi isso de forma diferente.

Pra mim, a discriminação é uma coisa tão natural para os japoneses que eles nem percebem o que estão fazendo. Segregar, isolar e humilhar é algo tão arraigado na cultura japonesa que pra eles isso não é preconceito.

Lá o preconceito tem várias formas e nuances. Considero o preconceito racial o mais escancarado, do tipo que te faz ser expulso de lojas ou que te impede de alugar um apartamento por ser estrangeiro. A verdade é que desde criança não é fácil ser diferente no Japão.

O "ijime" é uma das primeiras palavras que as crianças aprendem ao entrar na escola. Não, não tem nada a ver com o be-a-bá. Ijime é o equivalente japonês ao bullying. A diferença é que o ijime atinge níveis extremamente assustadores. Crianças isolando completamente outras crianças apenas porque elas são diferentes. Ser estrangeiro, ter alguma deficiência ou falta de habilidade, se destacar da turma por ser muito inteligente ou por ter um rendimento muito baixo. Não dá pra saber o que vai dar início ao ijime, basta ser diferente, fugir do padrão.

Muitas vezes esse processo discriminatório começa por quem deveria contê-lo, os próprios professores. Já ouvi inúmeros relatos em que os alunos que sofrem ijime são ridicularizados pelos professores, através de piadinhas ou agressões mais diretas.

Muitas crianças vítimas de ijime simplesmente abandonam a escola e se isolam socialmente. Casos mais graves acabam em suicídio. O Japão é o campeão mundial em suicídios infantis. Triste título...

O vídeo abaixo foi feito pro programa do Serginho Groisman sobre ijime, inclusive com o depoimento de uma estudante brasileira. Dá pra ter um pouco de noção de como são as coisas.


E o povo japonês realmente acha que não existe discriminação por lá...

Assista também a segunda parte do video do Medama Sensei onde ele conta que foi ameaçado por ter publicado o primeiro vídeo. Os japoneses acham que quanto mais se fala sobre um problema, maior ele fica. Pois é...

 
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